“Agora,
pois, se tenho achado graça aos Teus olhos, rogo-Te que agora me faças saber o
Teu caminho, e conhecer-Te-ei, para que ache graça aos teus olhos;”
(Ex
33:13)
É
algo inquestionável como Deus trabalha em nós e através de nós, mesmo apesar
das nossas deficiências, incompetência e falta de preparo, tudo isso somente
para a Sua glória. Quando Moisés precisou de homens para supervisionar a
construção do tabernáculo, ele escolheu homens hábeis, peritos, a quem Deus
havia dado “sabedoria e entendimento” (Ex 36:1). E Davi procurou o levita
Quenanias para liderar os cânticos “porque era capacitado” (1 Cr 15:22). E para tanto, Davi escreveu que os músicos devem
“tocar com habilidade e alegria” (Sl 33:3); ele mesmo, como rei do povo, “os
guiou com mãos hábeis” (Sl 78:72). No Novo Testamento, o apóstolo Paulo
refere-se a si mesmo como “sábio construtor” (1 Cor 3:10). Portanto habilidade
técnica é algo que importa para Deus. Também deveria importar para nós.
Valorizar
apenas a habilidade técnica, não basta. Precisamos de uma compreensão de
técnica e base bíblica para que busquemos um modo agradável de louvar e adorar
ao Senhor.
Vejamos
cinco princípios que devemos ter em mente quando buscamos nos aprimorar naquilo
que Deus nos chamou para fazer:
1. A habilidade técnica é um dom de Deus, para a glória
dele. Nenhum de nós podemos alegar ter
créditos pelas próprias habilidades. Paulo pergunta aos coríntios: “E o que
tens que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te orgulhas, como se
não o tivesse recebido?” (1 Cor 4:7). Todos os dons de Deus têm por objetivo
dirigir a nossa atenção para deus e gerar em nós um amor renovado por Ele.
2. A habilidade técnica deve ser desenvolvida. Lemos em
1 Crônicas 25:7 que os músicos que ministravam no tabernáculo eram “instruídos
em cantar ao Senhor, todos eles peritos”. A perícia (habilidade de fazer bem
alguma coisa) deve ser desenvolvida.
3. A habilidade técnica não faz a adoração ser mais
aceitável a Deus. Por mais que eu saiba tocar os acordes mais complexos, compor
canções ou tocar uma música sem algum errinho, ainda preciso do sacrifício
expiatório do Salvador, pois Ele aperfeiçoa minha oferta de adoração (1 Pe
2:5). Podemos até lutar contra o desânimo quando perdemos uma entrada, tocamos
uma nota errada ou esquecemos a letra de alguma música. Podemos nos sentir
orgulhosos quando tudo dá certo. Mas o que Deus está ouvindo não é a melodia da
nossa música ou a qualidade da nossa apresentação. Ele ouve as vibrações do
nosso coração. Deus não procura brilhantismo; Ele procura quebrantamento.
Jamais impressionaremos Deus com nossa destreza ou sofisticação musical. O que
impressiona Deus é um “coração quebrantado e arrependido” (Sl 51:17) que
reconhece nossa fraqueza e deposita sua confiança na obra redentora de Jesus
Cristo.
4. A habilidade técnica deve ser avaliada por
terceiros. O feedback que recebemos de outras pessoas ao final do culto e dos
ensaios tem um valor inestimável. É um exercício de humildade e ao mesmo tempo
muito proveitoso ouvir as pessoas em quem confiamos e que dizem a verdade.
5. A habilidade técnica não é um fim em si mesmo. A
valorização excessiva da habilidade técnica pode render frutos desagradáveis.
Ela acabará se tornando um ídolo. Passamos a achar que a nossa adoração é melhor
do que das outras igrejas; ficaremos impacientes quando as pessoas errarem e
por isso os ensaios além do necessário; desprezaremos o preparo espiritual e
dedicaremos nossa vida integralmente a assuntos relacionados à música;
avaliaremos o fracasso e o sucesso levando em conta apenas questões como o
tempo certo, a afinação das vozes e a exímia execução. Sentiremos mais orgulho
por uma apresentação perfeita do que em nos humilhar diante da bondade de Deus.
Deus deseja que entendamos uma coisa: a razão para praticar não é receber a
glória que não nos pertence, mas sim dar a Deus a glória que pertence a Ele.
(Continua)
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