O QUE EU PRATICO? (II)

“Agora, pois, se tenho achado graça aos Teus olhos, rogo-Te que agora me faças saber o Teu caminho, e conhecer-Te-ei, para que ache graça aos teus olhos;”

(Ex 33:13)  

            A perspectiva divina sobre a habilidade técnica não só nos motiva a buscar seu aprimoramento como também nos impede de exaltá-la. É por isso que Deus quer que aperfeiçoemos nossa técnica por razões específicas.

Aqui estarão algumas delas:

1. A habilidade técnica nos ajuda a focar em Deus. O alvo da prática não é fazer algo várias vezes até que saia certo. É fazer algo tantas vezes até que não tenha como sair errado. É possível adorar a Deus mesmo quando não estamos familiarizados com as habilidades práticas, Ele pode usar o que quer que esteja ao nosso alcance. Minha inabilidade pode tirar a atenção das pessoas, deixando-as confusas e podendo deixá-las irritadas. Eu posso adorar a Deus, mas não estou fazendo tudo que posso para levar outros se unirem a mim em adoração.

2. A habilidade técnica nos ajuda a servir a igreja. Deus nos concede dons para que possamos servir uns aos outros (1 Pedro 4:10). Servimos ao próximo quando lideramos de modo tão claro que as pessoas não fiquem sem saber qual palavra cantar em seguida ou qual ritmo seguir. Fazendo arranjos vibrantes que não causem distrações. Tendo uma postura calma e jovial que expressa a esperança no Deus que cantamos.

            O conjunto de nossas habilidades deve funcionar como a moldura em torno de uma tela. Se ela for muito exagerada ou extravagante, dificilmente notaremos a pintura dentro dela. Mas se a moldura for muito barata, estiver gasta ou danificada, questionaremos o fato de uma obra de arte estar envolta por um material desse tipo. A moldura certa é uma extensão da pintura em todos os sentidos, pois conduz o nosso olhar para o esplendor do artista, não para a estrutura. Devemos buscar a excelência em várias áreas. A primeira e mais importante é conhecimento de Deus e de sua Palavra, mas outras áreas também devem ser vistas.

1. Liderança. Os bons líderes voltam nossa atenção para o que é mais importante. Fazem escolhas que nos ajudam a manter o foco. Significa assumir a responsabilidade por aquilo que as pessoas estão extraindo de uma canção, e não presumir que todos estejam igualmente envolvidos ou conscientes do que deveriam pensar. A liderança habilidosa sempre envolve dizer sim para algumas coisas e para outras não, e isto nem sempre é fácil, é abrir mão de algo por algo ainda melhor.  Pode se no ato de cortar um cântico que já estava planejado, ou dizer não para a entrada de alguém no grupo de louvor. Talvez a explicação por que não cantar algo de que realmente goste pela letra ser fraca ou obscura. Ser líder inevitavelmente envolve desapontar pessoas. Alguém no final sempre criticará nossas decisões ou não as entenderá. Mas nosso alvo é agradar a deus, e não tentar deixar todo mundo satisfeito. Nosso objetivo é servir a igreja com o dom de liderança que temos.

2. Habilidade Musical. Ser habilidoso envolve diferentes aspectos no ponto de vista musical. O primeiro deles é a técnica, que significa simplesmente ter o domínio da mecânica ou dos aspectos essenciais que fazem parte de um estilo. É ter a habilidade concreta para cantar ou tocar o que cada circunstância pede. Isto envolve também o desenvolvimento da técnica que é o mais difícil e menos atrativo, dependendo do instrumento inclui a prática de escalas, refrões, progressões de acorde, padrões de dedilhado, diversificações de compassos/ritmos ou exercícios vocais. O segundo aspecto é a teoria, entender como a música funciona. O terceiro aspecto é o bom gosto, você pode ser excelente na técnica e teoria, mas ainda assim, pode fazer da música algo frio, sem vida, entediante ou inadequado. O bom gosto envolve dinâmica, fraseado, padrões rítmicos, abertura de acordes e instrumentalidade. Bom gosto é saber o que é adequado. Se você quer crescer nesta área específica, aulas particulares são a melhor opção. Outro caminho são os vídeos de treinamento que estão se tornando melhores a cada ano. Os livros também são opcionais. O tempo de se dedicar depende daquilo que você faz e dos seus alvos.

3. Comunicação. Talvez você fique perdido quando tenta citar um versículo bíblico ou se perca tentando explicar o que uma música significa. Então apela para as expressões que pareçam ser de adoração, como “Daí glória a deus” ou “Adorem ao Senhor”. Ou você se contenta apenas em não dizer nada e deixar Deus falar através dos cânticos. Como qualquer outra habilidade, falar em público de modo claro e convincente requer a difícil tarefa de se preparar para isso. Achamos que os discursos espontâneos são mais autênticos do que os mais elaborados, mas isso quase nunca é verdade. É muito fácil se limitar a falar a verdade com honestidade e paixão. Somos transparentes quanto as nossas fraquezas, lutas, pecados e especialidades em falar com emoção. Isso pode ajudar as pessoas a se relacionar conosco, mas Deus quer transformá-las por meio de sua verdade e evangelho imutável.

4. Tecnologia. A tecnologia pode nos ajudar a comunicar a verdade de Deus com mais clareza ou pode ser o maior obstáculo para essa finalidade. A diferença está em nossa habilidade de fazer uso dela. Isso significa estar familiarizado com métodos atuais de transferência e download de músicas, gráficos de notas, uso de MIDI, produção musical, amplificação de som, projeção de letras e imagens e outros. Se você tem tempo para investir em estudo nessa área, é provável que encontre pessoas na igreja que tenham. Eles não precisam ser músicos, mas precisam entender que são mais do que técnicos: são adoradores. E estão usando os dons que receberam para proclamar a Palavra de Deus e celebrar o evangelho de Jesus Cristo.

            Muitas outras áreas do ministério de adoração também precisam de habilidade e sensibilidade à orientação do Espírito Santo. É importante reconhecer que conduzir a igreja na adoração a Deus requer mais do que um coração sincero e boas intenções, requer habilidade técnica e isso envolve tempo, trabalho e preparo. 

            Habilidade é muito importante, mas oremos para que cada um de nós jamais coloquemos talento, dom, habilidade ou técnica no lugar daquilo que Deus está realmente buscando: a adoração autêntica que impacta toda a nossa vida.

 (Baseado no livro Louvor e Adoração de Bob Kauflin)